• Autor Isabel Gonçalves Coelho Laurindo
  • Ano 2017/1
  • Localização -22.841811, -43.484455
  • Resumo

    O BRASIL possui um sistema carcerário ultrapassado e ineficiente. As instituições voltadas para o cumprimento de pena não atendem, em sua maioria, ao propósito de reinserir o indivíduo penalizado à sociedade. Ao contrário, segundo dados oficiais, cerca de 70% dos egressos cometem novos crimes e voltam para a cadeia. A população carcerária já ultrapassou 600 MIL detentos e vive hoje um déficit de 231.062 vagas. Nesse cenário, onde o tempo máximo que uma pessoa pode ser mantida presa é 30 ANOS, é preciso lembrar que este indivíduo deverá retornar à sociedade de modo produtivo e disposto a viver coletivamente. Para isso o conceito de prisão deve incluir um tratamento intensivo onde o detento possa ser REABILITADO. O PROJETO foi inserido em um terreno no bairro de Gericinó, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, com o intuito de demonstrar que a ARQUITETURA pode contribuir para a construção de um modelo melhor de unidades penais. Os ESPAÇOS foram pensados de modo a proporcionar o cumprimento de uma pena JUSTA e HUMANA, com a garantia da DIGNIDADE, e das LIBERDADES que devem sempre ser respeitadas, com foco na REINSERÇÃO do indivíduo na sociedade, de modo a garantir que o detento não tenha uma pena maior do que a foi estipulada em sua sentença. A penitenciária passa a ser um lugar de transição que oferece a chance do ser humano PERCORRER UM CAMINHO onde ele vai reaprender, rever, consolidar novos valores, por meio de aulas, trabalho, convívio com familiares e atividades que proporcionem melhores condições de saúde física e mental. O dentento entra na penitenciária com a perspectiva da saída. Isso se dá por meio da utilização do elemento HA-HA WALL, em que o muro fica localizado abaixo do eixo de visão. A pessoa alcança o exterior visualmente, porém não fisicamente. Outro elemento é a disposição dos edifícios de residência de modo a gerar EIXOS onde ora o detento possui a visão do EXTERIOR, ora a visão dos edifícios de TRABALHO e EDUCAÇÃO que também funcionam como uma perspectiva de vida extramuros. O posicionamento desses edifícios de modo perpendicular à direção predominante dos ventos garante uma melhor VENTILAÇÃO. Também para gerar maior conforto higrotérmico é prevista a utilização de ecotelhado que funciona como isolante térmico e absorve a água da chuva que poderá ser utilizada. Além disso, a unidade proposta possui celas para quatro pessoas, duas pessoas e celas individuais. Ao ser inserido na penitenciária ele inicia seu CAMINHO de volta a LIBERDADE. Nesse processo de transição ele primeiro seria locado na cela para 4 pessoas e com o decorrer do cumprimento de sua pena ele vai alcançando o direito de migrar para a cela com 2 pessoas e posteriormente para a individual, de onde ele partirá para a vida extramuros. Esse processo funcionaria como um estímulo ao bom comportamento e daria a sensação de proximidade com a vida de volta em SOCIEDADE.


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